13 abril 2007

Coffee?

“Não deve ser nada difícil deixar o coração transformar-se definitivamente numa pedra. Partir para uma realidade distante, em que aquilo que nos tocava e comovia nos parece de repente apenas uma árvore sem folhas, um poema sem nexo (…). Como se parássemos fora do nosso corpo, depois de cuidadosamente termos engavetado a nossa alma (…). Sem comoção na voz nem tremor nas mãos, os olhos muito abertos, esquecidos de pestanejar. Esquecidos da possibilidade de os fechar, para não ver. Encerrados nesta existência paralela, é como se desligássemos os circuitos da emoção (…). Gelados por dentro, funcionamos por fora, é o que interessa. E ficaríamos assim para sempre, se um dia alguém não nos esperasse num café de uma qualquer esquina, pronto para nos ouvir (…) se a vida não nos obrigasse ma confrontar o verdadeiro sofrimento, numa cara muito amada, perdida entre lençóis brancos (…). E o coração de pedra desfaz-se em lágrimas quentes que correm pela cara abaixo. Dói, mas estamos vivos. Dói, mas fomos salvos (…).”
(Thanks JR)

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