03 dezembro 2007

......

"Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!""



- Antero de Quental -
(Mors-Amor)

21 novembro 2007

"De onde me chegam estas palavras?
Nunca houve palavras para gritar a tua ausência
Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.
E não havia um nome para a tua ausência.
Mas tu vieste.
Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?
Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.
Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.
Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua."



- Joaquim Pessoa -

07 outubro 2007

Enchanted... Again!

"Moving forward using all my breath
Making love to you was never second best
I saw the world thrashing all around your face
Never really knowing it was always mesh and lace
I'll stop the world and melt with you
You've seen the difference and it's getting better all the time
There's nothing you and I won't do
I'll stop the world and melt with you (...)
The future's open wide (...)"
- Modern English -

03 outubro 2007

[Thee] Prince of Darkness

Siderada no limiar entre a fantasia e a realidade, doía tanto desejo! Era a demência da alma aninhada no reencontro do conforto do corpo.
Porque, chegado da furtividade atrevida daquele momento, é a encarnação perfeita do conto de fadas original; esculpido do mais puro mármore, ostenta a vida na sua simples essência.
Porque existes! E, com mãos trémulas de sonhos abandonados, tacteei espectros de uma existência adormecida e, segura e lentamente, reencontrei-me nas coordenadas de ti.
Esmeraldas desenhadas a pastel... entrançaste o tempo e a loucura e, febril, já não discirno o sonho da realidade, já não percebo onde acabo e onde começas... plenitude existencial de quem não pode sentir mais, de quem não ousa pensar, de quem alcança o impossível.
Cubram-me os olhos e continuarei a ver-te com a nitidez inocente do olhar de uma criança; sem audição, continuarei a ouvir a respiração profunda e ousada que me embala as madrugadas; sem olfacto, continuarei a sentir cada partícula desse odor onde me perco e me encontro; sem paladar, sem tacto ....sem qualquer sentido, bastar-me-á fechar os olhos para, no silêncio da escuridão do meu desejo, sentir-te em cada poro de mim e percorrer-te lentamente no suave e arrebatador encantamento que nos une.
Por tudo isto, e tudo o que não ouso escrever...
Amo-te.

17 setembro 2007

Da Inocência

"A criança quando criança, caminhava de braços caídos, queria que o ribeiro fosse um rio, o rio uma torrente e este charco, o mar.
A criança quando criança, não sabia que era criança, tudo para ela tinha alma e todas as almas eram uma só. (...)
A criança quando criança, fazia perguntas como estas:
Porque é que eu sou eu e não tu?
Porque é que estou aqui e não ali?
Quando começou o tempo e onde acaba o espaço?
A vida sob o sol não é apenas um sonho?
Aquilo que vejo, ouço e cheiro não é apenas a aparência de um mundo antes do mundo?
Existe realmente o Mal e pessoas que são mesmo más?
É possível que eu, que sou eu, não o ter sido antes de ser, e de repente o eu que sou deixar de ser aquele que sou? (...)"





- Wim Wenders -
(As Asas do Desejo)

13 setembro 2007

......


"Eu sou bela, ó mortais!, como um sonho de pedra,
E o meu seio, onde todos vêm buscar a dor,
É feito para inspirar aos poetas um amor
Eterno e mudo que no ermo da matéria medra."



- Charles Baudelaire -
("A Beleza" - As Flores do Mal)

05 setembro 2007

Favole 01

"Se desejas ser meu, eu te farei mais feliz que o próprio Deus no seu paraíso. Os anjos invejar-te-ão. Rasga esse fúnebre sudário com o qual te pretendem envolver. Eu sou a beleza, a juventude e a vida: se vieres, seremos o amor."


- Théopile Gautier -
(Clarimonda, in: Favole, Victoria Francés)

27 agosto 2007

Enchanted

"I don’t believe in na interventionist God
But I know, darling, that you do
But I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms (...)
And I don’t believe in the existence of angels
but looking at you I wonder if that’s true
But If I did would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms (...)
But I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candles burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore (...)"
- Nick Cave and The Bad Seeds -
(Into My Arms)

06 agosto 2007

Flying...

"(...) Passou um anjo de rastos na serra da minha vida, (...) rasgou as asas na febre de me levar mais além, por esse amor que me teve, amei-o como a ninguém."


- Luís de Macedo -

30 julho 2007

Da liberdade

" "Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí."

- José Régio -

25 julho 2007

Despair

"Her eyes are grey.
Her hair is straggy and wet.
Her fingers are stubby.
The nails are chewed and broken.
Her teeth are crooked, jagged things.
There is a vacancy in her gaze, a feeling of absence when you are near her that is impossible to put into words.
Her sigil is the hooked ring.
One day her hook will catch your heart.
Describing her, we articulate what she is and why she is:
when hope is past, she is there.
She is in a thousand thousand waiting rooms and empty streets, in grey concrete buildings and anonymous hotels.
She is on the other side of every mirror.
When the eyes that look back you know you too well,
and no longer care for what they see, they are her eyes.
She stands and waits, and in her posture the pain no longer tells you to live, and in her presence joy is unimaginable. (...)
It is a peculiar, flat memory,
in which things become bleak and bounded by the dark.
There is joy in there,
of course,
and love,
and touching.
The presence that makes the
presence absence unbearable.
Without triumph,
without love,
without joy,
her work would be for nothing. (...)

To be Despair. It is a portrait.
Only close your eyes and feel."


- Neil Gaiman -
(The Sandman, Endless Nights)

21 julho 2007

Master of the Wind

"In the silence of the darkness
when all are fast asleep
I live inside a dream calling to your spirit
As a sail calls the wind, hear the angels sing

Far beyond the sun across the western sky
Reach into the blackness find a silver line

In a voice I whisper a candle in the night
Will carry all our dreams in a single dream of light (...)



Falling stars now light my way
My life was written on the wind
Clouds above, clouds below
High ascend the dream within

When the wind fills the sky the clouds will move aside
And there will be the road to all our dreams
And for any day that stings two better days it brings
Nothing is as bad as it seems


Close your eyes, look into the dream
Wins of change will winds of fortune bring


Fly away to a rainbow in the sky gold is at the end for each of us to find
There the road begins where another one will end
Here the four winds know who will break and who will bend
All to be the master of the wind."

- Manowar -
(Master of the Wind; The Triumph Of Steel, 1992)

18 julho 2007

23/9 [Shooting star]

Que me perdoem a demora, que me desculpem o atraso; apenas a real sede de viver torna latente o pensamento.

[Era uma vez]
Mutilados os relógios dos quais a vida escorria em espasmos monocórdicos, o tempo cristalizou sereno e eterno num qualquer conto de fadas tantas vezes pensado e deliberadamente evitado. Tempo, indiferente, aquoso e sem qualquer domínio no voo do peixe roxo... porque o animal estendeu as asas e dança, em descargas de luz, debaixo de uma chuva de cristal num sorriso perfeito de existir.
Porque a inocência surpreendeu o medo, a vontade fuzilou a incerteza, o desejo consumiu a distância... e a dor cedeu perante a vida, o desespero transformou-se na calma e a insegurança vai, lentamente, morrendo na plenitude encontrada na paz dos teus braços.
A lágrima de cristal reconstitui-se de esmeraldas e tudo começa a fazer sentido no não sentido do voo do unicórnio.
O pensamento surge ainda difuso e impede a expressão total de um sentir tão mais forte e veloz e que tão precocemente se predispôs em crer na realidade da ilusão.
E, impedida de continuar por um sorriso que teima em não morrer, do tanto que calo resta saber... passei a acreditar em estrelas cadentes, pelo menos nas que desmaiam na linha do horizonte de uma auto-estrada.

[E viveram felizes...]

07 julho 2007

... 'till...




03 julho 2007

Devaneio 1º

Correntes de fumo incolor naquela parede de lágrimas suadas onde relógios de sangue riem com sarcasmo do tempo que se esgota. Cada minuto um sorriso, cada minuto uma lágrima… na areia receosa e escassa prisioneira daquele vidro dourado, a alma vagueia em gritos de cor e de luz e a inocência brinca em rodas de mãos dadas com a dor.
Tempo perpétuo, constante… ironia de não existir tempo na incerteza mutilante… ambiguidade de ser, certeza de querer, paixão de vida, medo de morte… néon, esmeralda, marfim… ironia da concretização do sonho pelo risco de morte.
Os olhos eram a esperança encontrada, o sorriso a eternidade guardada e as mãos a segurança desejada!...mas as palavras evitadas reerguiam o gigante, o toque ausente animava a marioneta, a consciência era aquele pesado delírio que tudo poderia desmoronar e, o sono, furtivo e inevitável, trazia à lembrança o medo da abertura na ausência.
E o sentir! O peso de sentir o sonho, a esperança, a vida… preto, púrpura, branco… o sufocante sentir da plenitude ao cair da noite.
Tempo sem tempo… não existe tempo! Fechem a alma, tranquem o sangue! Enjaulem-se as feras e retome-se a segurança!
Mais um dia, mais uma noite… e ela ficou. Ficou como quem nunca receou o fim, viveu cada segundo roubado como a eterna verdade. Com a certeza da incerteza tatuada no peito, caminhou determinada e continua, livremente, ao possível encontro de uma morte anunciada.
Porque, se a verdade for mentira, nada faz sentido na verdadeira verdade.
Sim,… adoro-te.

30 junho 2007

Sweet dreams

"(...) Goodnight sweet prince, may flights of devils wing you to your rest. (...)"

- Anne Rice -
(Claudia in: Interview With The Vampire)

25 junho 2007

Da Loucura

"(...) Os homens chamam-me louco; mas a questão ainda não está assente se a loucura é ou não a mais elevada inteligência – se quase tudo que é glória, se tudo o que é profundidade, não provém de uma doença do pensamento, de um modo de ser do espírito exaltado à custa do intelecto geral. Os que sonham de dia têm conhecimento de muitas coisas que escapam aos que só sonham de noite. Nas suas visões brumosas, captam foragidos da eternidade e estremecem, ao despertar, por verem que estiveram à beira do segredo. Captam pedaços de algo do conhecimento do Bem, e ainda mais da ciência do Mal. Sem leme e sem bússola, penetram no vasto oceano de luz inefável e, como se para imitar os aventureiros do geógrafo núbio, agressi sunt Maré Tenebrarum, quid in eo esset exploraturi. (…)”


- Edgar Allan Poe -
(Eleonora)

24 junho 2007

.....

"Falo a língua dos loucos porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos."

23 junho 2007

Open

"Mr. Sandman, bring me a dream
Make him the cutest that I've ever seen
Give him two lips like roses and clover
Then tell him that his lonesome nights are over.(...)
Please turn on your magic beam
Mr. Sandman, bring me a dream.(...)"

- The Chordettes -

13 junho 2007

Pieces

"(...) The Highest Order prevails even in the disintegration. The totality is present even in the broken pieces. (...) At least you aren't lulled into a sense of false security (...) You have to rely on your immediate perception of the ultimate order. (...). But of course it's dangerous, horribly dangerous. Suppose you couldn't get back, out of the chaos... (...)"


- Aldous Huxley -

(The doors of perception)

06 junho 2007

Can't

I can dance,
And I can fall,

I can smile,
And I can cry,

I can run,
And I can stay,

I can dream,
And I can wait,

Can even bleed…
Still it isn’t my fight.

31 maio 2007

In' cause

“(…) O dia seguinte era sempre um anjo: compreendia que todos o aguardavam sem dele nada esperar e, torcendo o coração até ficar azul, tornava-se fresco, líquido, sem ninguém a persegui-lo. (…)
Reconhecer-se-ia a intranquilidade, porque não poderia nunca explicar-se, pelo que dela se movia e não bastava. No que era bom se confiava. No que era inútil a pele não acordava nem ardia.
Leve, assim, o sono prometia. Cedo teria a água de cantar, sem que a mais lenta palavra se entendesse. A uma outra carta o silêncio respondeu. Quando o vento for útil, dizia-se, alguém terá partido mas só esse saberá, ao certo, o caminho de regresso. (…)”
- Joaquim Pessoa -

21 maio 2007

Da ânsia

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade...sei lá de quê!"


- Florbela Espanca -

14 maio 2007

Da possessão

"(...) Lembra-te disto: as coisas que possuis acabam por te possuir. (...)"
- Micah Nathan -
(O último alquimista)

08 maio 2007

Embrace

“(…) Louis olhava fixamente para ele sem dizer uma única palavra. Eu observava, fascinado. O rosto de Louis foi gradualmente perdendo toda a expressão, qualquer vestígio de sentimento. Podia pertencer a um morto ali sentado, enquanto olhava para a vítima, enquanto marcava a vítima, enquanto deixava a vítima perder a sua pobre e desesperada humanidade, enquanto a matança passava de possível para provável e por fim, para uma antevista conclusão.
(…) e inclinando-se, enterrou os dentes no pescoço por barbear do homem. Vi os seus olhos a brilhar por um instante enquanto olhava esgazeado por cima do ombro de Louis, depois foram ficando fixos e, muito gradualmente, foram perdendo todo o seu brilho e ficaram sem vida.
(…) Já na rua, Louis respirou fundo o ar fresco da noite. O seu rosto estava cheio do sangue da sua vítima, e ricamente colorido com as cores humanas. Sorriu um sorriso triste e amargo enquanto olhava para cima, os seus olhos buscando o ténue brilho das estrelas. (…)”
- Anne Rice -
(Merrick)

07 maio 2007

Freedom (from 95)

Sometimes life goes deeper inside us
A flashing diamond, a blinding light
Another kiss on a scared face
Another scream that comes with the night

Walking on the street
Faces approaching us
The kiss was fast and weak
The dreams gone into dust

Stay with me for a moment
Came with me into pain
Look for me in the sun
Wait for me in the rain

Here in Heaven I know
That nothing deserves a tear
A crystal tear on a white face
Another kiss on a flashing game

Night is a scream of freedom
Freedom was a scream of pain
Got on a dusty needle
Freedom made me insane

Stay with me for a moment…

03 maio 2007

Fallen

“(…) Abigail olhou para cima, na direcção das estrelas. Apesar de ir contra tudo aquilo em que ela sempre acreditara, voar era uma opção. Mas fazê-lo era o mesmo que admitir a sua desumanidade. Corria o risco de desencadear u bloqueio psicológico, reprimindo dois mil anos de abandono e vergonha. As suas asas eram a recordação do que se perdera. O céu não era uma salvação, mas sim a sua prisão. Se havia de morrer, morreria humana.
(…) pareciam estar mais empenhados em vê-la morrer do que ela estava em continuar viça. Porque, afinal de contas, o que é que ela era? Não era nem humana, nem um anjo. Era a última sobrevivente da Tribo Perdida, uma afronta a Deus – uma desilusão tão grande quanto o foram as abominações do Dilúvio. E Abigail sentiu-se cansada. Olhou fixamente para os demónios que se aproximavam, e imaginou o golpe de misericórdia, desejando que fosse rápido e indolor. (…)”.
- Thomas Wheeler -
( Clube Arcanum )

01 maio 2007

Fairy...tale

"There are too many other inexplicable things around us - horrors, threats, mysteries that draw you in and then inevitably disenchant you. Back to the predictable and humdrum. The prince is never going to come, everybody knows that; and maybe, just maybe, Sleeping Beauty's dead."
- Lestat de Lioncourt -

23 abril 2007

......


Do acaso de um olhar furtivo através de um vidro surge a chama incandescente capaz de iniciar o caos. Segue-se a palavra ausente que mutila a inocência e devolve a solidão.

18 abril 2007

From Pandora to Marius

“At the dawn they will take us (…) The coffin where I rest itself will take me (…) I’m messed up, lost. I cannot search for shelter, I don’t want to, I wont! (…) Help me to free myself, hold me, take me (…). Later you can judge and condemn me. I need you; I will haunt the neighborhoods (…) ‘till you arrive (…). I’m a slave to that blood drinker’s will.I love you. “






(Anne Rice)

16 abril 2007

The dream within the dream

"Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away

In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep - while I weep!
Oh God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
Oh God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?"


(Edgar Allan Poe)

13 abril 2007

Coffee?

“Não deve ser nada difícil deixar o coração transformar-se definitivamente numa pedra. Partir para uma realidade distante, em que aquilo que nos tocava e comovia nos parece de repente apenas uma árvore sem folhas, um poema sem nexo (…). Como se parássemos fora do nosso corpo, depois de cuidadosamente termos engavetado a nossa alma (…). Sem comoção na voz nem tremor nas mãos, os olhos muito abertos, esquecidos de pestanejar. Esquecidos da possibilidade de os fechar, para não ver. Encerrados nesta existência paralela, é como se desligássemos os circuitos da emoção (…). Gelados por dentro, funcionamos por fora, é o que interessa. E ficaríamos assim para sempre, se um dia alguém não nos esperasse num café de uma qualquer esquina, pronto para nos ouvir (…) se a vida não nos obrigasse ma confrontar o verdadeiro sofrimento, numa cara muito amada, perdida entre lençóis brancos (…). E o coração de pedra desfaz-se em lágrimas quentes que correm pela cara abaixo. Dói, mas estamos vivos. Dói, mas fomos salvos (…).”
(Thanks JR)

11 abril 2007

Unless...

"Don't be a fool for the devil, darling!...Unless he treats you a damn sight better than the Almighty!"
- Lestat de Lioncourt -

09 abril 2007

?


31 março 2007

....

"Don't be afraid 'cause your life will end, be afraid it never begins."

26 março 2007

Tears to shed

"MAGGOT
What does that whispy little brat have that you don't have double?

BLACK WIDOW
She can't hold a candle to the beauty of your smile

CORPSE BRIDE
How about a pulse?

MAGGOT
Overrated by a mile

BLACK WIDOW
Overbearing

MAGGOT
Overblown

MAGGOT AND BLACK WIDOW
If he only knew the you that we know

BLACK WIDOW
And that silly little creature isn't wearing his ring

MAGGOT
And she doesn't play piano

MAGGOT AND BLACK WIDOW
Or dance

MAGGOT
Or sing

MAGGOT AND BLACK WIDOW
No she doesn't compare

CORPSE BRIDE
But she still breathes air

BLACK WIDOW
Who cares?

MAGGOT
Unimportant

BLACK WIDOW
Overrated

MAGGOT
Overblown

MAGGOT AND BLACK WIDOW
If only he could see How special you can be
If he only knew the you that we know

CORPSE BRIDE
If I touch a burning candle I can't feel the pain
If you cut me with a knife it's still the same
And I know her heart is beating
And I know that I am dead
Yet the pain here that I feel
Try and tell me it's not real
For it seems that I still have a tear to shed

MAGGOT
The sure redeeming feature
From that little creature
Is that she's alive

BLACK WIDOW
Overrated

MAGGOT
Overblown

BLACK WIDOW
Everybody know that's just a temporary state
Which is cured very quickly when we meet our fate

MAGGOT
Who cares?

BLACK WIDOW
Unimportant

MAGGOT
Overrated

BLACK WIDOW
Overblown

MAGGOT AND BLACK WIDOW
If only he could see
How special you can be
If he only knew the you that we know

CORPSE BRIDE
If I touch a burning candle I can't feel no pain
In the ice or in the sun it's all the same
Yet I feel my heart is acheing
Though it doesn't beat it's breaking
And the pain here that I feel
Try and tell me it's not real
I know that I am dead
Yet it seems that I still have some tears to shed."

18 março 2007

Dead end

"(...) Couldn't hide the emptiness, you let it show.
Never wanted it to be so cold.
Just didn't drink enough to say you love me.
Don't want to let it lay me down this time.
Drown my will to fly.
Here in the darkness I know myself.
Can't break free until I let it go.
Let me go.
Darling, I forgive you after all
Anything is better than to be alone.
And in the end I guess I had to fall.
Always find my place among the ashes.
I can't hold on to me,
Wonder what's wrong with me.
Lithium, don't want to lock me up inside.
Lithium, don't want to forget how it feels without...
Lithium, I want to stay in love with my sorrow.
Oh, but God, I want to let it go."
"(...) I can't see your star.
I can't see your star.
How can the darkness feel so wrong?

And I'm alone now,
Me and all I stood for.
We're wandering now.
All in parts in pieces, swim lonely, find your own way out.
So far away.

It's growing colder without your love.
Why can't you feel me calling your name?
Can't break the silence,
It's breaking me.


All my fears turn to rage.(...)"

16 março 2007

Falling

As it comes and as it goes, meaningless, it keeps on tuning around and around when the Death is the only possible end.
Thought, you insist to wake up every afternoon hoping this can turn a different night…
But then it arrives, and the falling angels appear suddenly at your feats reminding you your true nature, screaming that they are waiting for you, warning you that you can’t escape ‘cause you’re one of them.
On the dark, silent night you start wondering, you start remembering the forgotten past…
A thousand promises made in no moon nights turned a thousand vows broken two minutes later. Luxuriant hellos all meaning disguised goodbyes. Dreams built up on moments turned into your present nightmares. Hopes lost in your childhood… lost words… faked smiles… cold embraces…
And between life and death, the falling angels keep on waiting next to you, stucked in this ridiculous parade from which you can’t run away neither accept…
So tell me… why can’t you fall?

12 março 2007

Da eternidade



"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata"

11 março 2007

A rapariga vodu

"É feita de retalhos,
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração.


Tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotizar namorados.


Tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
Até tem um zombie
oriundo de França.


Mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém se aproxima dela
perfura-lhe o coração."

08 março 2007

Keeping...

"Pedras no caminho?...
Guardo-as todas!...
Um dia vou construir um castelo."

24 fevereiro 2007

Memory

There's Heaven and there's Hell...
and between...
there's the Doors.
"Come on, come on, come on, come on
Now touch me, baby
Can't you see that I am not afraid?
What was that promise that you made?
Why wont you tell me what she said?
What was that promise that you made?

Now, I'm gonna love you, till the heavens stop the rain
I'm gonna love you
Till the stars fall from the sky for you and I (...)"

( 'Bigado Belinha... por não te esqueceres...)

11 fevereiro 2007

When...

"Quando não tinha nada eu quis
Quando tudo era ausência esperei
Quando tive frio tremi
Quando tive coragem liguei

Quando chegou carta abri
Quando ouvi Prince dancei
Quando o olho brilhou, entendi
Quando criei asas, voei (...)"


09 fevereiro 2007

peace

"Quero saciar o caos
que me queima
e lacera o discernimento.
Abro as portas à rebeldia...
...e por momentos descanso!"

30 janeiro 2007

From Rhaunen

25 janeiro 2007

nightmares

"Quando me perguntam de onde vem minhas idéias, respondo que se originam de meus próprios pesadelos, mesmo quando não estou dormindo."

22 janeiro 2007

Abraço

E de novo… devaneios de loucura contida, encontrada onde o espaço perde a forma e o tempo cristaliza…
E, em rasgos de uma monotonia tão familiar, surge a união entre a dor e a vergonha nesse abraço que me envolve e me entranha neste abismo vazio onde me perco… e mais um abraço sinistro… mais um abraço que termina naquele beijo rasante que furtivamente me engole o ser numa inércia mortal…
Porque tudo está bem até à chegada do espasmo dilacerante que me mutila e empurra para a escuridão na qual agora me encontro…porque tudo são sombras disformes… porque tudo é abandono encontrado…porque tudo são trevas incontornáveis. Preciso estar só, preciso de mim!... preciso de mim sem me encontrar… onde estou? Que titã força divina consegue tal mutilação existencial?...
Sinto-me presa… ironicamente acorrentada num cambaleante corpo que não é meu, numa irrecusável vontade que não me pertence, numa estranha cidade onde não sou, num disforme agir que não comando, num lúgreme pensamento que não controlo… porque sinto que já nada me pertence… mesmo a vida que, teimosamente, insisto em viver… também essa não é minha!
E queria gritar mas não tenho voz, queria chorar mas não tenho lágrimas, queria fugir mas não tenho força… queria desistir mas não tenho coragem!
Mais um dia, mais uma noite, mais uma hora, mais um minuto, mais um segundo…mais, e mais, e mais…
Daqui a pouco o cansaço acabará por vencer a dor, os olhos irão ceder cegos à escuridão, o corpo tornar-se-á latente… e amanhã, quem sabe… talvez a bruma se dissipe e eu acorde novamente num mundo encantado de sorrisos espontâneos… ou quem sabe as trevas ganhem força e me envolvam para sempre na sua total escuridão.
Perto da loucura? Talvez…
Porque nem todas as histórias têm um final feliz.

15 janeiro 2007

Do amar

"Amo a liberdade; por isso, as coisas que amo solto-as livremente. Se um dia voltarem pra mim, é porque realmente as conquistei, senão é porque nunca foram minhas."

13 janeiro 2007

(Des)encontros

"Na caminhada nocturna, as estrelas da saudade são a calçada que piso, percorro as avenidas do meu pensamento, procuro-te em mim, invento o som dos meus passos e sigo os teus, dobro a esquina do teu olhar, vislumbro a fachada da tua essência, e sem bater à porta, entro em ti.(...)
Quando cessa a magia, a lucidez invade a madrugada infinita de prazeres inventados, perco-me no confuso emaranhado de vielas que nos separam, esfuma-se o mapa que tracei até ti, desapareço ao fundo da rua das tuas ilusões, abandono o sonho, mas não te deixo sozinho, ofereço-te todos os momentos vividos, as palavras deitadas ao vento, e o último amanhecer da sombra da minha mão, fazendo-te adeus."

09 janeiro 2007

Puppet Woman

"(...) Come crawling faster
Obey your master
Your life burns faster
Obey your master
Master os Puppets I'm pulling your strings
Twisting your mind and smashing your dreams
Blinded by me you can't see a thing
Just call my name 'cause I'll hear you scream
Master
Master (...)"

Confusão,
Dilaceração,
Alucinação,
Mutilação…
Pedem-me o específico, o certo, o concreto sem nunca perceberam que tal lucidez é inatingível por ser inexistente.
Quando cornucópias de azul celeste dançam em rodas à volta da Morte, esta deixa de ter onde se aninhar, perde aquela alma que deveria conhecer e, entre a Luz e o Limbo, a Vida passa a ser difusa, desfocada e sustida apenas por fios multifacetados de nylon púrpura por entre os quais a própria Existência brinca de adaga na mão.
E a tal alma, o tal ser, perdido entre a Luz e as Trevas vagueia escondido de tudo e de todos numa tentativa de fuga constante, numa procura incessante de algo indefinido.
Também ele suspenso por pequenas cordas bamboleantes de medo, é constante na fúnebre penumbra na qual não vê luz ou referência. Marioneta da supremacia existencial, tenta controlar o que não é controlável ficando para sempre perdido, vagando entre o Céu e o Inferno, rodeado de sombras e fantasmas… demasiado fraco para a vitória, demasiado forte para a derrota…
Porque a dor pode ser vivida de forma criativa… Mais uma noite… sempre mais uma noite, até amanhã.