03 julho 2007

Devaneio 1º

Correntes de fumo incolor naquela parede de lágrimas suadas onde relógios de sangue riem com sarcasmo do tempo que se esgota. Cada minuto um sorriso, cada minuto uma lágrima… na areia receosa e escassa prisioneira daquele vidro dourado, a alma vagueia em gritos de cor e de luz e a inocência brinca em rodas de mãos dadas com a dor.
Tempo perpétuo, constante… ironia de não existir tempo na incerteza mutilante… ambiguidade de ser, certeza de querer, paixão de vida, medo de morte… néon, esmeralda, marfim… ironia da concretização do sonho pelo risco de morte.
Os olhos eram a esperança encontrada, o sorriso a eternidade guardada e as mãos a segurança desejada!...mas as palavras evitadas reerguiam o gigante, o toque ausente animava a marioneta, a consciência era aquele pesado delírio que tudo poderia desmoronar e, o sono, furtivo e inevitável, trazia à lembrança o medo da abertura na ausência.
E o sentir! O peso de sentir o sonho, a esperança, a vida… preto, púrpura, branco… o sufocante sentir da plenitude ao cair da noite.
Tempo sem tempo… não existe tempo! Fechem a alma, tranquem o sangue! Enjaulem-se as feras e retome-se a segurança!
Mais um dia, mais uma noite… e ela ficou. Ficou como quem nunca receou o fim, viveu cada segundo roubado como a eterna verdade. Com a certeza da incerteza tatuada no peito, caminhou determinada e continua, livremente, ao possível encontro de uma morte anunciada.
Porque, se a verdade for mentira, nada faz sentido na verdadeira verdade.
Sim,… adoro-te.

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