18 julho 2007

23/9 [Shooting star]

Que me perdoem a demora, que me desculpem o atraso; apenas a real sede de viver torna latente o pensamento.

[Era uma vez]
Mutilados os relógios dos quais a vida escorria em espasmos monocórdicos, o tempo cristalizou sereno e eterno num qualquer conto de fadas tantas vezes pensado e deliberadamente evitado. Tempo, indiferente, aquoso e sem qualquer domínio no voo do peixe roxo... porque o animal estendeu as asas e dança, em descargas de luz, debaixo de uma chuva de cristal num sorriso perfeito de existir.
Porque a inocência surpreendeu o medo, a vontade fuzilou a incerteza, o desejo consumiu a distância... e a dor cedeu perante a vida, o desespero transformou-se na calma e a insegurança vai, lentamente, morrendo na plenitude encontrada na paz dos teus braços.
A lágrima de cristal reconstitui-se de esmeraldas e tudo começa a fazer sentido no não sentido do voo do unicórnio.
O pensamento surge ainda difuso e impede a expressão total de um sentir tão mais forte e veloz e que tão precocemente se predispôs em crer na realidade da ilusão.
E, impedida de continuar por um sorriso que teima em não morrer, do tanto que calo resta saber... passei a acreditar em estrelas cadentes, pelo menos nas que desmaiam na linha do horizonte de uma auto-estrada.

[E viveram felizes...]

Nenhum comentário: