12 janeiro 2006

A carta

“(…) tenho sentido a tua ausência nas palavras que não te escrevo. (…) Nas palavras que quero dizer. (…)
Na altura em que acordavas a meu lado, por vezes achei que tinha tudo por garantido e descurei de elaborar versos com as nossas vidas. (…).
Nessa altura achava que dizer
- adoro-te
Era suficiente para ti, pois nunca aceitarias nada que tivesse maior extensão que aquele microsegundo em que me ouvias e fingias acreditar. Por vezes abraçados à vida no cheiro de um e outro confundidos na pele respondias na inevitável repetição do
- também te adoro
E o meu peito, buscando forças para acreditar no que dizias, sorria. Dali a um pouco, deixar-te-ia. (…)
(…) aspirando ter oportunidade (…) numa outra noite em que dissesses
- adoro-te
E eu, abraçado à vida, no cheiro de um e outro confundido na pele, pudesse responder-te na inevitável repetição de
- também te adoro.
Sabíamos que eram pequenas verdades como estas que nos davam forças para continuar a nossa grande mentira. (…)”

Nenhum comentário: