19 outubro 2005

Esperar


" (...) Não tinha coragem para perguntar e o animal da ansiedade, com nulos movimentos, submergia durante as primeiras horas da noite nas sombras e nos brilhos da mobília que estalava para se livrar da dor, do peso, da treva, ou fosse do que fosse.
A recordação ia amargando sempre.
Mais.
E mais.
(...) O calor da noite desenterrava moedas, causava febre, quase fazia espuma na pele martirizada.
Clandestino ele haveria de chegar para no escuro e em silêncio morder-lhe a carne do ventre, beber-lhe uma vez mais a vaga alegria que lhe molhava a boca e partir deixando-a de novo cheia de medo, gelada de abandono, (...) na sua solidão(...)."

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